quinta-feira, 14 de junho de 2012

Melhor Onze da Actualidade

1- Gialuigi Buffon, guardião que transmite confiança absoluta. Agilidade felina e frieza glaciar. Há mais de quinze anos a fazer defesas impossíveis com o mesmo semblante carismático. Desceu com a sua Juve e não a abandonou. O actual título de campeão de Itália é um premio justo para o guarda-redes que, na minha opinião, pautou com mais brilho a sua carreira pela excelência.

2 - Maicon, um rolo compressor com ginga no pé. Passa por cima de quem lhe aparecer à frente como se relva fosse. Quando se encontra em forma, é muito superior a qualquer outro lateral direito a jogar neste planeta.

3 - Pepe, um portento de força com bom trato de bola. A única pecha é a forma como trata os adversários. Como sacos de pancada. De resto, tem todas as qualidades exponenciadas ao infinito que um defesa central pode ter. Assustadoramente forte.

4 - Ivanovic, central fora de série que joga consistentemente a um nível altíssimo. Existem vários centrais mais famosos mas, actualmente, nenhum apresenta índices de segurança tão altos como este sérvio. Enquanto joga transmite de forma eloquente a qualidade que mais aprecio num defesa: segurança.

5 - Gareth Bale, atravessa a ala esquerda com bola controlada como se atravessasse o corredor da sua casa. O campo é demasiado pequeno para este galês. Pode decidir um jogo, sem precisar do pé canhão de Roberto Carlos, como nenhum outro lateral que tenha visto jogar.

6 - Yaya Touré, a força aliada à técnica em doses industriais, trata-se de um upgrade de Patrick Vieira. Apodera-se do meio-campo como se fosse o seu quintal e entra na grande área para marcar como nenhum outro médio defensivo do futebol mundial.

7 - Cristiano Ronaldo, um jogador de futebol muito à frente do seu tempo. A evolução da espécie "futebolista" deu um salto astronômico com Ronaldo. Sem o toque de Deus, é o ser-humano mais dotado para jogar futebol que o mundo já viu. Se algum dia for possível criar uma máquina perfeita a jogar futebol será em Cristiano Ronaldo que se deverão inspirar.

8 - Andrés Iniesta, um compêndio de futebol para quem não conhece o mais belo jogo do mundo. Iniesta conhece todos os segredos da bola e explana a sua sabedoria em campo como o melhor professor catedrático, ou seja, com simplicidade e eloquência.

9 - Zlatan Ibrahimovic, confere à expressão "fora de série" a plenitude do seu significado. Nunca ninguém, com mais de 1.90cm, jogou com tanta classe e arte como este sueco. Para além dos inúmeros e belíssimos golos que marca tem o gênio capaz de proporcionar aos amantes de futebol momentos de rara beleza.

10 - Lionel Messi, o corpo que Deus escolheu para se divertir a jogar à bola. Ridiculariza o ser-humano e as suas naturais limitações para jogar à bola com o pé. A mais bela obra-prima do futebol pós-Maradona. Deus só pode ser argentino.

11 - Hulk, colossal jogador com potencial incomensurável. Possui uma força sobre-humana aliada a técnica refinada. Exceptuando o extraterrestre Lionel Messi, na minha opinião, nenhum outro jogador tem tamanho potencial para decidir qualquer jogo em que esteja presente.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Partir...

Esta sede irreprimível de partir...Com toda a força que este verbo arrasta. Partir como quem desfaz, rasga ou rompe a monotonia dos dias estéreis e rotinados como ponteiros de relógio. E partir como ave que migra para paragens distantes em busca daquilo que a terra na qual vive já não lhe pode dar. Simplesmente partir... Rasgar as amarras e voar. O mundo que meus olhos viram não é mais do que árvore em floresta. Uma migalha de um imenso e suculento bolo.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A Minha Praia

A praia é o quadro cénico que mais seduz o meu olhar. Prefiro as cidades, vilas ou aldeias à beira-mar. Abraçadas pelo mar como se dele fossem parte. Este, molda-as à sua maneira, envolve-as na sua aura infinita. A praia é a linha que as separa. O último reduto. Nela o mar espelha o seu íntimo. Ela é a sua maior confidente. É na praia que o mar se revela em todo o seu esplendor.


Não existem praias feias. Todas têm o encanto que o mar lhes dá. Sejam de areia ou de pedra, grandes ou pequenas, desertas ou na cidade, a praia é sempre um pedaço mágico de terra.


Este fascínio por praias enquanto cenário paisagístico tem por base a relação umbilical que mantenho com a “minha praia”. “A mais bela praia da terra portuguesa”. Foi esta a frase, da autoria de Raul Brandão, que eu orgulhosamente repeti inúmeras vezes ao longo da minha vida. “A minha praia” chama-se Baleal. Um punhado de terra que, por ousadia ou capricho, se deslocou da grande massa continental para, orgulhosamente só, poder estar mais próximo do mar. A linha que separa este irredutível pedaço de terra do resto (e repare-se no desdém que coloco nesta palavra), é uma praia de areia fina e horizonte imenso. Este foi o palco dos mais gloriosos momentos da minha infância.


Nesta “ilha”, que na realidade, não se trata de uma ilha na verdadeira acepção do termo, pois não possui características na sua configuração para ser considerada como tal, já verti, literalmente, sangue, suor e lágrimas. E soltei gargalhadas mil. Percorri e senti cada pedaço daquela terra. Todos eles têm o seu espaço na minha memória, como pano de fundo de uma qualquer doce recordação. A expressão “minha praia” enquanto representação daquilo com que nos identificamos e que realmente gostamos, aplica-se na perfeição ao significado que eu atribuo à ilha do Baleal. Mais do que a minha praia, o Baleal é o meu refúgio, o meu templo, a minha terra. Porque a nossa terra é o nosso coração que escolhe. Não se trata de renegar origens. Nasci e vivi a maior parte dos meus dias em Torres Vedras, cidade que me deu amigos e Carnaval. É a minha cidade. Mas a minha terra é algo que apenas os sentidos entendem realmente. O seu cheiro, textura e a sua alma são como que uma extensão do meu eu. Por mais viagens que tenha feito, por mais sítios que venha a conhecer, o regresso é sempre feliz quando me sinto envolvido pelo abraço fraterno da minha “ilha”.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

A Insaciável Leveza do Ser

"De todos os animais da Criação, o homem é o único que bebe sem ter sede, come sem ter fome e fala sem ter nada que dizer."
John Steinbeck 

Somos uma espécie curiosa. 
A força criadora que congeminou a nossa existência terá, inevitavelmente, que ser entendida de uma de duas formas: como um capricho prodigioso de artista incompreendido ou como erro monumental que corrompe toda a obra final. De outra forma não faz sentido a nossa presença neste lugar perfeito, onde o único elemento que não alcança a perfeição somos nós. O capricho da criação emerge como explicação plausível para a nossa existência pois nenhuma obra-prima deve ficar sem ser vista . E entendida. Somos espectadores inquietos e curiosos da perfeição materializada neste planeta mágico. Numa perspectiva alternativa, o capricho pode também ser entendido como perversa criação para regozijo universal sobre esta bizarra criatura que é o homem. Eu creio que a segunda opção apresentada para justificar a nossa presença neste planeta é a mais válida. Um erro. Um erro colossal que serve apenas para provar que nada é perfeito. Somos a prova viva dessa tese.
A citação de John Steinbeck sintetiza de forma brilhante o absurdo da nossa existência. Uma criatura insaciável que devora grotescamente a harmonia e a perfeição. Nada nos satisfaz. A derradeira vítima da nossa voracidade é o silêncio. Preenchemo-lo de forma inútil e violenta. Violamos o silêncio impunemente. Não conseguimos compreender que nele se concentra toda a sabedoria.